Vincent Van Gogh, é considerado um dos maiores pintores de todos os tempos, um superior e grandioso representante do pós-impressionismo, tendo produzido mais de 2 mil obras durante os seus 37 anos de vida.
O seu legado é tão extraordinário que, em 1973, em Amsterdão, na Holanda, seu país-natal, foi criado um museu para expor as suas obras.
Com um percurso difícil, cheio de problemas emocionais, Van Gogh deixou uma obra comovente e vigorosa que constitui um dos maiores legados artísticos da humanidade.
O artista foi caracterizado por alguns, como um homem incompreendido, atormentado, intempestivo e com distúrbios comportamentais. Por isso, não só as suas obras como a sua vida provocam muita curiosidade até aos dias de hoje. Van Gogh foi tema de diversos livros, filmes e documentários.
Vida de Van Gogh
Vincent Willen Van Gogh, nasceu em 30 de Março de 1853, na vila Brabante de Zundert, no sul da Holanda.
Filho de um pastor calvinista, era o primogénito de 6 filhos, sendo três raparigas e dois rapazes. Um deles chamava-se Theo, quatro anos mais novo, que foi o seu melhor amigo durante toda a sua vida.
Vicent Van Gogh em Janeiro de 1886 // arteref.com
Infância
O seu interesse pela arte teve início ainda na infância, a qual a mãe encorajava. O futuro artista gostava de pintar com aguarelas. Teve uma infância melancolica e solitária.
Ainda na Holanda, aos 11 anos, Van Gogh foi estudar para um colégio interno em Zevenbergen, o que, segundo a sua biografia: Van Gogh, A Vida, de Steven Naifeh e Gregory White Smith, deixou-o infeliz. Quando tinha 13 anos, frequentou o ensino médio em Tilburg.
Desintegrado no internato e insatisfeito com a estrutura da sociedade à qual pertencia, com 16 anos aceitou a sugestão do pai e foi para Haia trabalhar com o tio, que abriu a filial da Galeria Goupil, importante empresa francesa que comercializava livros e obras de arte.
Passados três anos, foi para Bruxelas e posteriormente para Londres, sempre ao serviço da galeria, onde permaneceu dois anos e meio.
Em 1875, Van Gogh conseguiu realizar o seu desejo de conhecer Paris, onde julgava poder libertar-se de todas as suas frustrações. Mas não gostou do emprego. Dedicou-se à leitura de livros sobre arte, formou a sua opinião e discutia com os clentes. Em Abril de 1876 foi demitido do grupo Goupil.
Galeria Goupil – Paris // Wikipedia
Van Gogh tinha 22 anos e muitas ilusões, muitas frustrações e nenhum plano para o futuro. Voltou para a casa da sua família, em Etten, mas as suas relações familiares eram muito difíceis, particularmente com o seu pai e só se sentia compreendido por Theo, o seu irmão mais novo.
Van Gogh teve uma relação intensa com a religião, uma forma de fugir da sociedade, da familia e da realidade que o cercava.
Resolveu partir para Inglaterra, onde aceitou o cargo de professor de francês e alemão, mas rapidamente foi dispensado pela escola.
Van Gogh voltou para a Holanda, tornou-se depressivo, com muitas crises nervosas, passando longos periodos de solidão.
Em 1877 foi trabalhar para uma livraria em Dordrecht, até que decidiu entrar no Seminário Teológico da Universidade de Amsterdão, donde saiu sem completar o curso, frequentando a seguir um curso trimestral da Escola Evangélica, em Bruxelas.
A pedido do pai, conseguiu o lugar de pregador missionário nas minas de carvão de Borinage, na Bélgica.
Van Gogh, em vez de pregar e orientar os mineiros, envolveu-se intensamente com o trabalho desta comunidade e trabalhava nas mesmas condições deles.
Preocupava-se com os doentes e pregava pouco, o que incomodou os seus superiores. Assim foi afastado do cargo em 1879.
Na sua vida sentimental, não foi feliz, teve romances mal sucedidos, destacando-se paixões por uma prima e por uma prostituta.
O início da carreira como pintor
O seu irmão Theo, que foi o seu principal amigo e apoio durante toda a sua vida, ao ver os seus desenhos, estimulou o irmão a seguir a carreira artística.
Theo Van Gogh // mymodernmet.com
Em 1880 apoiou Van Gogh financeiramente, para estudar anatomia e perspectiva em Bruxelas onde este finalmente descobriu a sua vocação: ser pintor. Passava os dias a desenhar.
Em 1881 mudou-se para Haia, onde foi acolhido pelo pintor Mauve.
Pintava aguarelas, nas quais aparecem marinheiros, pescadores e camponeses. Pintava gente viva e ativa.
Escreveu para o irmão: “Eu não quero pintar quadros, eu quero pintar a vida”. Realizou numerosos desenhos e pinturas a óleo. No ano seguinte voltou para a casa dos pais, onde passava os dias a ler e a pintar.
A primeira obra de destaque
Em março de 1885 o seu pai morre repentinamente.
E foi em Abril de 1885, que Van Gogh pintou a sua primeira obra de relevo, “Os comedores de batatas”. É um quadro sombrio e escuro, que retrata camponeses durante uma refeição noturna.
Segundo a sua biografia, foi nessa pintura que se fez notar o interesse do artista na teoria das cores, luz, sombra, contrastes e pinceladas carregadas de tinta.
“Os Comedores de Batata” (1885) – Museu Van Gogh, Holanda
No final de 1885, Van Gogh viajou para Antuérpia, onde estudou na Escola local e se apaixonou pela cor, descobrindo a pintura japonesa.
Influências
Em Fevereiro, foi viver para Paris com seu irmão Theo.
Esta foi a época mais sociável do pintor. Familiarizou-se com os impressionistas Claude Monet, Auguste Renoir e Camille Pissarro. Mais tarde, ficou amigo de Paul Gauguin.
A influência dos artistas impressionistas e a crescente admiração pela arte oriental levaram Van Gogh a desenvolver o seu estilo próprio.
Em 1888, Van Gogh estava mal de saúde e foi viver para o campo, em Arles, onde pintava muito ao ar livre.
Obras importantes
Nesta fase, Van Gogh pintou as suas obras mais importantes, pintou mais de 100 quadros entre eles: “Vista de Arles com Lírios”(1888), “Girassóis”(1888) e “Quarto em Arles” (1888)
Personalidade instável e perturbada
Durante a sua vida, Van Gogh teve episódios psicóticos e delírios, temia pela sua estabilidade mental e negligenciava frequentemente a sua saúde física, por um lado, ao não manter uma alimentação regular e, por outro lado, bebendo muito.
Na mesma época, a pedido de Theo, Gauguin vai morar com Van Gogh, com a condição de este continuar a vender as suas telas. Mas a personalidade autocentrada de Gauguin não era compatível com a sensibilidade de Van Gogh.
Esta diferença de personalidades desenvolveu grandes discussões entre eles, crises de humor e agressões a Gauguin que numa das crises Van Gogh tentou magoar com uma navalha. Foi nessa altura, que mutilou a sua própria orelha.
“Com a Orelha Cortada” (1888) // BBC
Van Gogh foi internado no hospital Saint-Paul para doentes mentais. Depois de dez dias, foi para casa e pintou o autorretrato “Com a Orelha Cortada”(1888)
A obra mais aclamada
Em Maio de 1889 voltou a ser internado e fê-lo voluntariamente no Hospital Saint-Rémy-de-Provance.
O seu quarto foi transformado num ateliê. Nesse período pintou mais de duzentos quadros e centenas de desenhos, entre eles, uma das suas obras mais aclamadas: “A Noite Estrelada”( 1889).
“A Noite Estrelada” (1889) – Metropolitan Museum, Nova York
O artista deixou Saint-Rémy em Maio de 1890. Foi para Auvers, sob os cuidados do Dr. Gachet, que o examinou e disse que a situação era grave.
De acordo com a sua biografia, apesar do seu temperamento muitas vezes intempestivo, melancólico e com acessos de raiva, Van Gogh pintava em momentos de clareza mental, não durante surtos.
Autorretratos
Os autorretratos de Van Gogh tiveram muito destaque no legado do pintor. Foram registadas mais de 40 pinturas. A maioria apresentava a sua figura com olhares expressivos.
“Autorretrato com chapéu de feltro cinza” (1887) — Museu Van Gogh, Holanda
A única obra vendida em vida
Van Gogh, teve pouco reconhecimento como artista durante a sua vida. “A Vinha Encarnada”, produzida em 1888, foi a sua única obra vendida em vida.
O artista gostava de pintar ao ar livre, hábito que conservou até morrer.
Segundo a sua biografia, a técnica de pinceladas firmes e carregadas que criou para o seu próprio uso, aplicadas sem hesitação, permitiu-lhe pintar rapidamente e produzir um vasto número de obras nos últimos dois anos e meio da sua vida.
“A Vinha Encarnada” (1888) – Museu Pushkin, Moscovo
Morte de Van Gogh
Van Gogh faleceu aos 37 anos no dia 29 de Julho de 1890, em Auvers-sur-Oise, dois dias após receber um tiro no peito. A versão mais conhecida sobre o trágico acontecimento aponta para o suicídio.
No dia de sua morte, no sótão da Galeria Goupil, em Paris, 700 quadros amontoavam-se sem comprador.
A fama só veio após a sua morte. Grande parte de sua história está descrita nas 750 cartas que escreveu para seu irmão Theo e que evidenciavam a forte ligação entre os dois.
Seis meses depois da sua morte, o irmão Theo também faleceu, sendo sepultado ao lado de Van Gogh, em Auvers-Sur-Oise, França.
Com um estilo ousado, Van Gogh inovou as técnicas dos impressionistas, trazendo dinamicidade e drama, contribuindo para o surgimento de diversos movimentos artísticos no início do século 20, sobretudo o expressionismo.
Van Gogh, teve uma carreira relativamente curta, mas sua obsessão pela pintura fez com que deixasse uma quantidade impressionante de telas e obras-primas e um dos maiores legados da arte ocidental.
Obras de Vincent Van Gogh
A produção de Van Gogh foi intensa, onde se destacam algumas obras importantes:
“A Igreja de Auvers” (1890) – Museu de Orsay, Paris
• A Igreja em Nuenen, 1884
• Os Comedores de Batata, 1885
• A Casa Paroquial de Nuenen, 1885
• Caveira com Cigarro Aceso, 1886
• Guinguette de Montmartre, 1886
• A Italiana, 1887
• A Ponte Debaixo da Chuva, 1887
• Natureza Morta com Absinto, 1887
• Dois Girassóis Cortados, 1887
• Autorretrato com Chapéu de Palha, 1887
• Pai Tanguy, 1887-1888
• Autorretrato Dedicado a Gauguin, 1888
• Terraço do Café na Praça do Fórum, 1888
• A Casa Amarela, 1888
• Barcos de Saintes-Maries, 1888
• Vista de Arles com Lírios, 1888
• O Velho Moinho, 1888
• La Mousmé, 1888
• A Vinha Encarnada, 1888
• Os Girassóis, 1888
• O Quarto em Arles, 1889
• A Noite Estrelada, 1889
• Autorretrato com Orelha Cortada, 1888
• Oliveiras, 1889
• Os Ciprestes, 1889
• A Sesta, 1890
• A Ronda dos Prisioneiros, 1890
• Amendoeiras, 1890
• A Igreja de Auvers, 1890
• Campo de Trigo com Corvos, 1890
• Retrato de Dr. Gachet, 1890
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