Pão-de-Ló, é talvez o bolo mais tradicional do nosso País, um clássico da confeitaria com massa fofinha e leve iminentemente ligado à época da Páscoa que serve também de base para muitas outras receitas deliciosas.
História e Origens
Estima-se que o Pão-de-Ló tenha sido criado na segunda metade do século XVIII, quando o cozinheiro genovês Giobatta Carbona, enviado a Espanha pelo marquês Domenico Pallavicino (nomeado embaixador em 1747 pelo rei da Espanha Fernando VI), presenteou o rei espanhol, por ocasião de um banquete, com um bolo extremamente leve que designou como Pan di Spagna, em homenagem à corte espanhola da época.

Crédito Fotográfico: https://paodelodemargaride.pt/
A inovação dessa receita é justamente o modo de preparação da massa a frio e rica em ovos, com todos os ingredientes adicionados num recipiente e depois cozinhados em banho-maria. Com os anos, essa técnica de preparação foi abandonada.
Em Portugal
Em Portugal, diz a tradição que o Pão-de-Ló teve a sua origem nos conventos.
Dizem também que embora a origem do nome seja portuguesa, as suas raízes são espanholas descendentes de um biscoito similar ao Pão-de-Ló que era preparado nos mosteiros e conventos de Castela em Espanha.
Naquela época, o Pão-de-Ló estava sempre presente nas mesas dos padres mais abastados sendo o doce indicado para as dietas dos convalescentes, era também, o bolo enviado como presente e conforto a famílias de luto e oferecido aos condenados à morte junto com um copo de vinho, quando subiam à forca.
Variantes do Pão-de-Ló
Em Portugal, cada convento efetuou alterações no Pão-de-Ló, consoante a criatividade e especificidade de cada região, por esse motivo existem nos dias de hoje, várias formas de fazer o bolo.

Pão de ló de Vizela // pingodoce.pt
Margaride, Ovar, Arouca, Alfeizerão (antigo Convento de Cós, perto de Alcobaça), de Vizela (bolinho, de formato retangular e regado com xarope de açúcar), Pão-de-Ló de Freitas (Amarante, feito com dois tipos de farinha – fécula e farinha de arroz), de Famalicão (Mosteiro de Landim que se bate por mais tempo), Pão-de-Ló de Mirandela, com limão, de Figueiró dos Vinhos, Alpiarça ou Rio Maior, são múltiplas as versões de um mesmo bolo batizado assim na Idade Média.

Pão de Ló de Ovar // pingodoce.pt
O Pão-de-Ló foi introduzido no Japão no século XVI, pelos primeiros portugueses que lá chegaram e levaram consigo a receita, que se converteu através dos tempos num dos doces mais típicos de Japão, o Kasutera, palavra derivada justamente de “Castela”.

Kasutera // Minamoto Kitchoan
Este bolo simples, mas com uma textura incomparável, na Itália é conhecido com o Pão-de-Ló genovês e pan di Spagna, na Inglaterra e nos Estados Unidos é o Sponge cake.
Origem do nome
A massa levíssima do bolo justifica o termo “ló”, que dá nome à receita. Com efeito, Ló, para quem não sabe, é um tecido finíssimo e delicado.
O Pão-de-Ló, mesmo com algumas variações de regiões ou de países, é sempre um fofinho, delicado e delicioso bolo para se saborear em todas as estações do ano e também em épocas festivas e especiais como a Páscoa e o Natal.
Pão-de-Ló de Margaride
O Pão de ló de Margaride é uma referência na doçaria tradicional portuguesa, tendo a Câmara Municipal de Felgueiras apresentado, em 2011, a sua candidatura às 7 Maravilhas da Gastronomia, na categoria de doces.

Fábrica de Margaride // https://paodelodemargaride.pt/
A qualidade e excelência deste doce regional foram reconhecidas pela Casa Real Portuguesa, tendo sido atribuído à sua criadora, D. Leonor Rosa da Silva, o título de “Doceira da Casa Real”.
O autêntico Pão-de-Ló de Margaride é cozido em forno de lenha, em formas de barro não vidrado. É considerado o melhor Pão-de-Ló seco de Portugal. A receita original, usada pela Casa Leonor Rosa da Silva, que o comercializa, está guardada a “sete chaves”.
Receita do Pão-de-Ló de Margaride
Ingredientes:
• 12 gemas
• 3 ovos inteiros
• 225 g açucar
• 1 colher de café sal grosso
• 100 g farinha fina ou extra fina sem fermento (Tipo 55)
• 2 folhas papel almaço para forrar
Preparação:
• Bata os ovos com o açúcar e o sal na batedeira, em velocidade média, durante 15 minutos. Aumente para a velocidade máxima e bata durante mais 5 minutos. A massa vai crescer imenso!
• Peneire a farinha diretamente para a massa e envolva delicadamente à mão, em movimentos circulares de baixo para cima, garantindo que a farinha é bem absorvida.
• Forre uma forma de barro para pão de ló (ou outra de buraco, grande) com folhas de papel almaço, inclinadas e ligeiramente sobrepostas.
• Verta a massa na forma, coloque uma tampa e leve a forno pré-aquecido a 200º C, durante cerca de 1 hora ou até estar cozido. Faça o teste do palito.
• Retire do forno, tire a tampa e deixe arrefecer. Depois de frio retire-o da forma e sirva, preferencialmente na companhia de um bom vinho de Felgueiras.
Nota:
Se não tiver a forma tradicional de barro, use outra, desde que seja grande (nº 30);
Se não tiver papel almaço, use em alternativa, papel vegetal, papel A4 normal ou papel de cenário. Pode, em alternativa, fazer este Pão-de-Ló untando apenas a forma com manteiga e polvilhando com farinha;
Na forma de barro, o tempo é entre 1 hora, 1 hora e um quarto. Na de alumínio serão cerca de 50 minutos;
O pão de ló de Margaride não conhece a faca. É um bolo que se parte à mão.
Adaptada de uma receita antiga de Maria de Lurdes Modesto, recolhida junto de habitantes de Felgueiras.
Fontes: wikipedia, festivaldopaodelo, pantuccipanificadora, iberismos
Crédito de Capa: Visit Portugal
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