Filigrana Portuguesa – Uma arte com séculos

Filigrana Portuguesa - Rancho Folclórico

A Filigrana é uma arte manual de grande beleza, que exige extrema perícia para trabalhar os finíssimos fios de prata ou ouro entrelaçados e soldados que compõem cada peça, sendo por isso reconhecida internacionalmente pela sua qualidade.

Nas oficinas resistentes, onde ainda se entrelaça a filigrana portuguesa, existe um orgulho, ou como os minhotos dizem, uma “Chieira” de fazer tudo à mão e com muita paciência. As máquinas bem tentam rivalizar na produção da filigrana, mas esta arte mantém um laço forte com a manualidade.

Hoje, esta arte, assume diversas formas, desde peças delicadas, decoradas com motivos religiosos, até criações com um design polido e contemporâneo.

A filigrana, ao longo do tempo, transcende as suas origens festivas, tornando-se numa expressão artística que combina tradição e modernidade.

A filigrana ganhou uma nova vida nas mãos de designers de joalharia, que recriam a sua essência e libertam-na do conceito religioso.

As marcas portuguesas de joias, que criam peças em filigrana também se lançaram no caminho da contemporaneidade, sem esquecer as raizes da tradição, apostando numa fusão harmoniosa entre ambos os conceitos.

Estas marcas, reconheceram o potencial desta tradição portuguesa e têm contribuído para dar a conhecer este recanto da Europa a outros países.

Assim, a filigrana, outrora ligada a significados religiosos, floresce agora como expressão artística moderna, mostrando ao mundo a beleza e a habilidade dos mestres filigraneiros portugueses.

A história da filigrana continua a desdobrar-se, entre tradição e inovação, como uma narrativa que transcende fronteiras e encanta admiradores por todo o mundo.

História da Filigrana

A origem da filigrana remonta ao terceiro milénio antes de Cristo, na Mesopotâmia. As peças mais antigas datam de 2500 a.C. e foram descobertas nas sepulturas do Ur, no atual Iraque. Outras peças, descobertas na Síria, são de aproximadamente 2100 a.C..

Dos factos existentes, podemos afirmar que é uma técnica milenar conhecida em muitas das civilizações do mundo antigo.

Em Portugal foram encontrados exemplos desta técnica que datam de cerca de 2000 a.C., com origem fenícia, mas joias em filigrana produzidas em território nacional surgem durante o domínio muçulmano da Península, por volta do século VIII d.C.

Mas foi na gloriosa época dos Descobrimentos, no século XV, quando os nossos navegadores alcançaram feitos incomparáveis e sem precedente, que a coroa Portuguesa trouxe pedras preciosas e metais das suas provincias ultramarinas. Foi então que os nossos ancestrais começaram a trabalhar o ouro e a prata. Foi este o despertar da filigrana.

Nas peças de filigrana, os nossos ancestrais reproduziam o que viam à sua volta: a natureza, o amor, a religião e das suas mãos saíram peças de incrível delicadeza e beleza.

A técnica é transmitida de geração em geração. As peças são feitas num trabalho de produção manual, entre as “filigraneiras”, e as oficinas. A arte milenar da filigrana, de formas predominantemente barrocas, desenvolveu-se no século XIX, particularmente no Minho (norte de Portugal) e foi levada a uma rara perfeição pelos artesãos portugueses.

Em Portugal, os artesãos usaram e continuam a usar a filigrana como forma de expressão artística na joalharia tradicional, mas também da cultura portuguesa através dos seus desenhos em forma de flores, ondas ou escamas de peixe.

Coração de Viana

Este coração, utilizado como símbolo da cidade de Viana do Castelo, surgiu no Norte de Portugal nos finais do séc.XVIII, e tem uma forte ligação com a religião católica. Terá sido a rainha D. Maria I que, grata pela “bênção” de lhe ter sido concedido um filho varão, mandou executar um coração em ouro. O coração de Viana representa o Sagrado Coração de Jesus em chamas. A parte superior do coração simboliza as chamas da terra e o calor do amor.

A tradição de ostentar este símbolo ao peito teve início em Viana do Castelo. Contudo, a filigrana é, meticulosamente moldada em terras vizinhas, nomeadamente na Póvoa de Lanhoso e Gondomar.

O coração de Viana tornou-se um símbolo icónico da Filigrana Portuguesa, e património emocional de Portugal

Brincos Rainha

Os brincos rainha apareceram em Portugal durante o reinado da Rainha D. Maria I (1734 – 1816). A origem do nome, parece remontar ao reinado de D. Maria II (1819 – 1853), que usou um par destes brincos numa visita a Viana do Castelo em 1952. Depois desta visita, popularizaram-se como símbolo de riqueza e de status e ganharam o nome “brincos rainha”.

Tradições

É na romaria D’Agonia em Viana do Castelo, que as mordomas e as Noivas de Viana do Castelo desfilam as suas peças de filigrana dourada, numa tentativa de atrair a atenção dos rapazes. Pendentes imponentes em forma de coração de Viana, ou pequenos com o formato de relicário, brincos à rainha, ou os tradicionais brincos de fuso, colares compridos de contas e outros mais curtos — vale tudo para exibir a riqueza da filigrana portuguesa.

Fontes: filigranaportuguesa.pt, imart.pt, portugaljewels.pt, mardestorias.com, caminhosdeportugal, oportunityleiloes, Nit, lojadeartigosreligiosos.com, bloguedominho

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